Hoje o papo é sobre seu protagonista. Aquele mesmo, sabe, que você criou para a sua história. Você já trocou uma ideia com ele hoje? Afinal, ele é a mais importante classe de personagem do seu livro.
Se ficou um pouco perdido, vem comigo que eu te explico.
Hoje nós vamos falar sobre:
- Classes de Personagens
- O que é protagonista
- Conversando com seu protagonista
- Mostrando seu protagonista
- Como usar a pergunta “E se?” pode revelar mais de quem é seu protagonista
E ainda, de brinde, tem um presentinho no final do artigo para te ajudar a criar um protagonista que irá conquistar o coração de seus leitores.
Ah! Se você ainda não leu meu primeiro artigo aqui no Epicentro Literário, 5 Dicas para Escrever um Livro, só clicar no link abaixo que ele vai abrir em outra aba. Assim você não perde esse artigo, e já deixa o próximo engatilhado.
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Classes de Personagens
As Classes de Personagens são funções dramáticas que cada personagem irá desempenhar na história. É importante entender cada função dramática, e como elas contribuem para tornar a história cativante para o leitor.
Cada função dramática tem como objetivo dar luz ao personagem principal. Por isso, a primeira de nossas classes de personagens é o destaque da trama: nosso protagonista.
Futuramente nós falaremos das outras classes de personagens.
O que raios é um Protagonista
O protagonista é o centro da história. Pronto, já pode parar de ler o artigo.
Nada, tô zoando. Tem mais aí embaixo.
O enredo de nossa história é baseado totalmente em nosso protagonista. Ou, no caso de multiplots, nossos protagonistas. É sempre, sempre alguém querendo muito alguma coisa e tendo que lutar para conseguir essa coisa. E quanto mais tempo nós, escritores, investirmos na criação do nosso protagonista, melhor.
Batendo um papo com seu protagonista
Precisamos conhecer o personagem principal de nossa história. Saber o que o deixa feliz, o que o entristece. Quais seus medos e segredos mais profundos. Seus amores e paixões secretas. Quais suas reações em meio a problemas que nunca enfrentou antes.
E para conhecê-lo, bastar perguntar.
Tipo quando você conhece alguém. Você não sabe nada sobre ele. Em um primeiro encontro, ele sem que tenham conversado, você pode dizer a cor de seus olhos e cabelos, formato do rosto, tipo de roupa que gosta ou precisa usar, e pode até adivinhar o que gosta de comer. Mas para conhecê-lo de verdade, precisa passar um tempo conversando com ele.
Segundo o escritor best-seller e professor de escrita criativa André Vianco, o enredo, a história, suas decisões, lutas internas, e batalhas frente a virtudes e fraquezas são o que fazem do protagonista alguém memorável. Alguém que entra no coração do leitor. Que passa a ser importante para ele.
Assim, a melhor estratégia para conseguir uma aderência de seus leitores para com sua história, é investir no protagonista. Logo, o personagem principal do seu livro precisa ser humano.
Mostre quem é seu protagonista
Invista na caracterização e mostre os defeitos do seu protagonista. Seu deslizamento entre vício e virtude, entre certo e errado. Afinal, todo ser humano oscila entre “bem e mal”. E seu personagem precisa expressar isso.
Mesmo que ele seja um animal falante ou uma criatura intergalática. Ainda que seja um deus menor de um mundo fantástico. Histórias são sobre pessoas. E pessoas tem sentimentos, ideais e perspectivas humanas. Você precisa humanizar seu protagonista. Só assim seu leitor terá empatia por ele.
Então insira situações na sua história onde o protagonista precisa quebrar seus valores ao lidar com problemas.
Vamos para um exemplo prático
O que um policial honesto faria se descobrisse que, ao matar uma pessoa, salvaria a vida de mais de 100 pessoas. Se esse policial tivesse perdido o pai porque um policial atirou nele sem dar a chance de se explicar, e ele cresceu, jurando no túmulo do pai que se tornaria um policial e, nunca, atiraria em alguém se não fosse em legítima defesa.
Então imagina o impacto que as decisões desse policial terão no leitor.
E Se – uma das ferramentas mais poderosas do escritor
Use o e se para imaginar como deixar o enredo com mais drama.
E se a pessoa que o policial precisa matar for alguém por quem ele tenha se apaixonado? Uma mulher, ou um homem, com paixão pelo seu trabalho, que é dar às pessoas carentes de uma comunidade uma vida melhor. Alguém que abre mão do tempo com a própria família, do tempo de cuidar de si mesmo, para estender a mão para uma pessoa com necessidades.
Imagine se essa pessoa foi quem acudiu o policial depois dele ter levado um tiro, cuidou dele, ajudou seu filho que ele cria sozinho. Trouxe um pouco de ordem para o caos que era sua vida.
Para melhorar, e se ele concordar com as ações dela? Mas se as pessoas que ela quer matar forem políticos corruptos, empresários mergulhados até o pescoço em coisas como tráfego humanos e tortura.
O que acontece se nosso policial descobre que seu chefe foi responsável pela morte do seu pai. E que o chefe está na lista de pessoas que serão mortas pela nossa (ou nosso) assassina?
Como a promessa dele de jamais matar sem ser em autodefesa, ou sua convicção de sempre fazer o certo, ficam frente a isso.
Finalmente, lembre-se: quanto mais difícil forem as decisões que seu protagonista precisa tomar, mais envolvente sua história se tornará.
Conclusão
Mesmo que a história não seja baseada em estrutura de ação (com foco no personagem), e sim, em estrutura temática (com foco em um tema), é imprescindível investir em seu protagonista ou protagonistas.
Então pense que esse investimento deve ser feito com cuidado. Não se apresse, fazendo um trabalho rápido só porque quer escrever o livro logo. Vale mais um protagonista bem construído, em vez de sair escrevendo de qualquer jeito.
Para te ajudar nisso, disponibilizei a ficha de personagens que utilizo em meus livros, a qual você pode copiar para sua conta do Notion e editá-la. Ou pode só dar um ctrl + v em tudo, ou ainda baixar uma versão em PDF.
Se ficar com alguma dúvida, aqui vai uma indicação de livro: A construção da personagem
Até o próximo artigo, onde falaremos do personagem dinâmico.