1. Introdução
As figuras de linguagem são ferramentas poderosas que enriquecem a escrita, tornando-a mais expressiva e envolvente. No entanto, quando usadas de maneira inadequada ou excessiva, podem prejudicar a fluidez e a clareza do texto literário. Neste artigo, vamos abordar 10 figuras de linguagem que podem prejudicar um texto literário. Por isso, devem ser evitadas ou usadas com moderação para garantir uma narrativa rica e eficiente.
2. O impacto das figuras de linguagem na literatura
O uso apropriado das figuras de linguagem pode transformar um texto simples em uma obra envolvente e marcante. Porém, o exagero ou o mau uso dessas figuras pode tornar a leitura cansativa, artificial ou até mesmo incompreensível.
Para saber mais detalhes sobre as figuras de linguagem, sugerimos a leitura desse artigo:
14 Figuras de linguagem que deixarão seu livro excepcional
3. As 10 Figuras de linguagem que podem prejudicar um texto literário
3.1 Clichês
Clichês são expressões e metáforas desgastadas pelo uso excessivo e podem empobrecer a originalidade do texto.
- Exemplos: “Estava chovendo a cântaros”, “Fiquei de queixo caído”.
- Como evitar: busque formas inovadoras de expressar ideias comuns.
3.2 Pleonasmo vicioso
O pleonasmo pode ser um recurso estilístico válido, mas, quando desnecessário, torna-se redundante e enfraquece o texto. Por isso, se for usar o pleonasmo, que tenha um motivo ou um contexto. Caso contrário, o leitor pode pensar que houve erro ou falha na revisão.
- Exemplo: “Subir para cima”, “entrar para dentro”.
- Como evitar: faça uma revisão cuidadosa para eliminar repetições inúteis.
3.3 Hipérbole excessiva
A hipérbole pode criar impacto, mas quando exagerada torna-se pouco crível.
- Exemplo: “Esperei uma eternidade pela resposta.”
- Como evitar: use hipérboles apenas quando realmente acrescentarem valor ao texto.
3.4 Metáforas confusas ou forçadas
Metáforas devem ser claras e compreensíveis para não atrapalharem a leitura.
- Exemplo: “Sua alma era um lago de facas flutuantes.”
- Como evitar: certifique-se de que a metáfora transmite a mensagem desejada sem causar confusão.
3.5 Ambiguidade indesejada
Ambiguidade pode gerar interpretações múltiplas e indesejadas.
- Exemplo: “João viu Pedro caindo da janela.” (quem estava caindo da janela, João ou Pedro?)
- Como evitar: estruture as frases de forma clara e objetiva.
3.6 Eufemismos que mascaram o significado
O eufemismo pode suavizar uma expressão, mas quando usado em excesso, pode obscurecer a mensagem.
- Exemplo: “Ele descansou para sempre” (em vez de “ele morreu”).
- Como evitar: use eufemismos apenas quando necessários para suavizar um tema delicado, sem comprometer a clareza e sem dramatizar desnecessariamente.
3.7 Prosopopeia ou Personificação desnecessária
Atribuir características humanas a objetos pode gerar um tom exageradamente poético e artificial, principalmente, se o seu texto é uma prosa.
- Exemplo: “O vento sussurrava segredos misteriosos para as árvores.”
- Como evitar: utilize essa figura com moderação e apenas quando realmente contribuir para a atmosfera do texto.
3.8 Elipses que comprometem a clareza
A elipse pode tornar um texto mais fluido, mas, quando excessiva, pode deixar lacunas na compreensão.
- Exemplo: “Na mesa, um prato. No canto, uma cadeira. Silêncio.”
- Como evitar: use a elipse de maneira equilibrada para sugerir, sem comprometer a compreensão do leitor.
3.9 Repetições
A repetição excessiva e que não se justifique no texto pode tornar a leitura enfadonha e longa.
- Como evitar: utilize sinônimos e variações para evitar redundâncias.
Vejamos alguns tipos de repetições:
Anáfora, repetição de palavras no início de versos ou frases. É mais comum em poesia.
Exemplo: “Ele correu para a porta. Ele abriu a porta. Ele saiu pela porta.”
Aliteração, repetição de sons consonantais. Também não é recomendado o seu uso na prosa.
Exemplo: “O rato roeu a roupa do rei de Roma.”
Assonância, repetição de sons vocálicos.
Exemplo: “A aranha arranha a rã.”
3.10 Onomatopeias exageradas
O uso excessivo de onomatopeias pode dar um tom infantil ao texto.
- Exemplo: “Toc! Toc! Boom! Crash!”
- Como evitar: utilize onomatopeias de maneira pontual e apenas quando realmente acrescentarem impacto à narrativa.
4. Como evitar o uso inadequado dessas figuras
- Leia e revise o texto para identificar possíveis excessos ou falhas na expressividade.
- Peça a opinião de outros leitores para avaliar se as figuras de linguagem soam naturais.
- Prefira a originalidade, evitando expressões batidas e previsíveis.
- Equilibre os recursos estilísticos com a clareza e fluidez do texto.
5. Perguntas frequentes
- O clichê pode ser usado em alguma situação?
- Sim, desde que seja reinventado ou subvertido de forma criativa.
- Como saber se estou exagerando nas metáforas?
- Leia em voz alta e veja se a imagem faz sentido ou parece confusa.
- Hipérbole é sempre ruim?
- Não, desde que seja usada com moderação e contexto adequado.
- O eufemismo pode ser positivo?
- Sim, especialmente em contextos delicados, como falar sobre morte ou doenças.
- Existe um limite para o uso de onomatopeias?
- O ideal é que sejam usadas apenas quando agregam à narrativa, sem exageros.
6. Conclusão
Embora as figuras de linguagem sejam essenciais para enriquecer a escrita literária, o uso excessivo ou inadequado pode comprometer a qualidade do texto. Revisar e refletir sobre o impacto de cada recurso estilístico é fundamental para garantir uma narrativa equilibrada e envolvente.
7. Bibliografia
- CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
- KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2004.
- PROENÇA FILHO, Domício. Estilística aplicada. São Paulo: Ática, 2011.
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