Resenha – O Tocador de Trovão

O Tocador de Trovão – o começo

Quando li o primeiro livro do Pedro Branco fui capturada pela história do jornalista Christopher Winter e da menina de 10 anos, May Reveclair. Ambos possuíam dons especiais, comunicavam-se com espíritos e, juntos, passaram por grandes aventuras. Quem se interessar, pode conferir a minha resenha de “Uma Colheira de Inverno” aqui, onde eu já previa e ansiava por uma continuação.

Mas eis que o Pedro Branco lançou recentemente “O Tocador de Trovão”, pela Editora Lura, para meu deleite e de todos os seus leitores. Então, em uma bem-sucedida campanha pelo Catarse, atingiu 125% da meta e ainda foi best-seller na última bienal do Rio, reflexos do seu talento!

Resumo/sinopse

“Tudo que o jovem Apoema queria era enterrar a mãezinha no cemitério da igreja, mas a paróquia local tem outros interesses que não as dores e os desejos de um menino preto.

Os desmandos das autoridades locais forçam Apoema em uma jornada por justiça. Em meio a luta e lágrimas, o menino descobre um poder inacreditável: o toque de seu tambor o conecta com o mundo dos Espíritos, dando corpo e voz àqueles que já partiram.

Agora, o menino deve aprender a usar estas habilidades para salvar o vilarejo que tanto o desprezou, evitando uma catástrofe que silenciosamente se aproxima. Mas também precisa resgatar a alma de sua mãe, presa no mausoléu da igreja por uma entidade maligna.

Ao lado de amigos vivos e mortos, Apoema testará o poder de seu batuque contra três autoridades terríveis: um médico de humor instável, um prefeito apegado ao poder, e um padre obcecado por suas próprias crenças.

Coragem, fé e o toque de um tambor. Isto é tudo que Apoema tem ao seu lado se quiser sobreviver e se tornar O Tocador de Trovão.”

O Tocador de Trovão – a escrita

O livro traz personagens bem definidos. Além de Apoema, merecem destaque: a sua amiga Gia, de pavio curto; Iramaia, a mãe zelosa de Apoema; Violeta, o espírito protetor do jovem; João Antônio, o amigo alfaiate e sapateiro; vovó Nanã com sua sabedoria; Dr. Cândido, o único médico de São José dos Milagres; o padre Sérgio Lumont; o banqueiro Meneses Albuquerque; e o prefeito-capitão, que dá o alívio cômico na história, Armando Amaral; e outros tantos personagens.

São José dos Milagres é a típica cidadezinha interiorana que acomoda uma grande estátua do santo padroeiro, uma igreja, uma clínica médica e a prefeitura. Este é o ambiente dos grandes embates da história que envolvem questões raciais, intolerância religiosa e abuso de poder.

Como espírita, Pedro Branco cumpre a sua função de dar um propósito à sua escrita. Além de um agradável entretenimento, esta ficção espírita ou mistério sobrenatural — como o próprio autor define —, traz verdadeiras mensagens de fé e de incentivo.

  • É importante ouvir e enxergar com o coração;
  • A força dos bons sentimentos é a arma para se combater o mal;
  • O perdão é libertador;
  • O bem sempre vence o mal;
  • Colhemos aquilo que plantamos;
  • Nunca devemos desistir ou desanimar diante de obstáculos; e outras que você, enquanto leitor, identificará facilmente.

Minhas impressões

Aproveitei o feriado prolongado para dar uma acelerada e concluir a leitura. Ao final, fiquei boquiaberta por uma série de questões: a escrita tão natural e envolvente; os personagens muito bem caracterizados e construídos; e uma história repleta de sentimentos, de ternura, de aventura, de emoções, de tensão… nossa!

E incrível mesmo é o final, quando a gente percebe que tudo se conecta. Personagens do livro anterior, com os dos livros futuros… Sim, porque Pedro ainda tem muitas histórias para nos contar.

Não vou enumerar mais detalhes para não dar spoiler. Porém, fico admirada como o autor conseguiu escrever um livro tão robusto (679 páginas!) com tamanha perfeição, trabalhando frase a frase, sem pontas soltas, com subtramas, reviravoltas… Só mesmo os “Altos” para inspirarem o Pedro Branco, não tenho dúvidas.

Não se deixe intimidar pelo número de páginas! Pois, quando entramos na leitura, a trama nos prende. E quando ela termina… fica a saudade.

O autor

Pedro Branco é espírita, professor, escritor e audiolivreiro e possui um canal no Youtube. Mais sobre o autor, acesse o seu perfil no Instagram @opedrobranco.

O Tocador de Trovão, disponível na Amazon.