Uma vingança cruel

  • Gênero: Suspense | Público Jovem adulto

– Seu assassino!

Ela sabia que era perigoso apontar o dedo assim para ele, mas foi um reflexo. Diante da realidade, não havia outra coisa a fazer a não ser confrontá-lo. Foi um crime terrível, sem dúvidas. E a pobrezinha da Karla, na sua fragilidade, ali estendida no chão, não teve nem como se defender.

Tudo aconteceu naquela manhã de sexta-feira. Rita havia saído para comprar alguns carretéis de linha e uns botões no armarinho do Seu João. Não demoraria mais do que meia hora. Só que, por um desses azares, havia encontrado com Margarete. Justamente o tipo de vizinha que todo mundo teme: contadora de casos e que parece uma areia movediça; que a gente procura evitar, mas, quando encontra, é difícil de conseguir se sair.

Rita deixara sua filhinha na sala, sentada no sofá. Ela estava de castigo por não querer comer a papa preparada por ela, sua mãe, com tanto carinho. Ficar sozinha, por apenas alguns minutos, não faria mal. Mas como estava enganada! Ao voltar, Rita havia deparado com aquele quadro doloroso: a sua lindinha no quintal, nos fundos da casa, completamente desfigurada. Os olhos haviam sido arrancados e seu tórax, aberto de um lado a outro, mostrava o seu interior inocente. Uma cena chocante! Horrível! Ao lado do corpo estava Pedro. Em suas mãos, ainda descansava a arma do crime: uma tesoura. Só podia ter sido ele, não havia dúvidas. Seu próprio irmão, o tio da vítima… Como pôde? Quanta frieza! Mesmo depois do que fizera ainda continuava ali, imóvel. Insensível!

— Por quê?

Um motivo? Sim, era preciso ter um motivo muito forte. Destroçar a própria sobrinha para atingir a mãe! Era isso. Só porque ela havia batido com o fusquinha daquele irmão! Ora, mas que ser humano era aquele capaz de tirar a vida de um ser tão angelical apenas por vingança? Ainda mais, de forma tão cruel.

O olhar daquele assassino, apesar de tudo, era distante. Parecia não ter feito o que fez, mas fez.

— Seu monstro! — repetiu Rita, com as lágrimas rolando sem parar.

O que mais podia dizer? E ele? Não ia falar nada em sua defesa? Se bem que não precisava. Os fatos já falavam por si só.

— Você me paga!

E, não aguentando mais aquela situação, decidiu tomar uma atitude. A dor pela perda da filha estava sendo substituída pelo ódio e pela necessidade de vingança daquele que, apesar de ser seu irmão, não deixava de ser um verme.

De uma forma ou de outra, ele teria que ser punido.

— Manhê! Bate no Pedrinho, que ele estragou a minha boneca!

Observação do Autor

Quando uma mãe perde a sua filhinha e o assassino é uma pessoa tão próxima, o que fazer? Mas nem tudo é o que parece.

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