Sabedoria Primaveril

 

Á espera, na fila do mercado,

Sem querer ouvi conversas alheias

Diante de três adolescentes,

Lembrei de mim mesma.

Duas delas tentavam convencer

Outra de dar um trago no cigarro

Que pegou escondido do seu pai.

Com aquela desculpa esfarrapada:

– Os pais proíbem demais!

A insistência continuou mesmo dito não.

Eu que nem tinha nada a ver com o assunto me incomodei

Porém com muita calma a jovem continuou firme em sua posição

Sem conseguir convencê-la a deixaram só.

Intrigada me perguntava como não cedeu à pressão.

Depois de algum tempo teci um elogio

Com o objetivo de saber a raiz de sua educação:

– Parabéns por saber escolher!

Um sorriso amarelo esboçou pra mim.

Sentindo simpatia por minhas palavras,

Revelou um segredo que guardava,

Que me deixou ainda mais transtornada.

– Meus pais não me proíbem nada.

Moro com a minha avó,

Meu pai é usuário drogas

E minha mãe mora com um cara que se diz apaixonada.

Eu não tinha muito que dizer

Pedi desculpas por me intrometer.

Com muita madureza, respondeu:

–Não sinta dó, não somos culpados por estarem na pior.

Foi o que acharam melhor escolher.