Rosângela Martins
O livro: Memórias Póstumas de Machado de Assis
Memórias Póstumas de Machado de Assis é uma obra psicografada pela médium Ismênia dos Santos, em 1958, época do cinquentenário do desencarne do maior escritor brasileiro de todos os tempos.
Porém, quis o desígnio divino, que o lançamento da obra em questão só ocorresse pela União Espírita Mineira, no ano de 2008, centenário do desencarne de Machado de Assis.
O livro foi ditado a Ismênia dos Santos, de Belo Horizonte, em 1958 e seus originais permaneceram extraviados após a desencarnação da médium, em 1987. Ao médium José Luiz Henrique Dutra, antes de desencarnar em 2003, ela confiou alguns manuscritos para análise e futura publicação. Eram de três livros que Ismênia havia recebido em psicografia: Memórias Póstumas de Machado de Assis, Cego na luz e Telas do passado. Assim, a médium cedeu os direitos autorais desses livros em proveito das obras assistenciais da Congregação Espírita Irmã Ângela. Posteriormente, esses direitos se transferiram à Fundação Espírita Cárita, em BH.
O prefácio é do talentoso professor e escritor espírita, Elias Barbosa, que deixou o mundo material em 2011.
Os primeiros momentos de desencarne
O ceticismo e a incredulidade da existência de uma vida espiritual permearam a vida terrena de Machado de Assis. Por isso, a confusão mental logo após o seu desencarne foi inevitável. O relato desse período pós-morte traz as aflições pelas quais o grande escritor passou. Até que atingiu a compreensão de que a morte do espírito não existe. Estas impressões estão expostas nos capítulos iniciais.
A obra também traz a narrativa dos encontros com amigos e entes queridos no mundo espiritual. Também nos fala das homenagens recebidas e da sua nova missão.
Porém, é comovente ver o grande escritor, tão crítico e, por vezes, tão cruel com o seu sarcasmo, compartilhar recordações íntimas da sua infância e os seus mais puros sentimentos. Seus relatos nostálgicos condizem com uma das mais apuradas biografias do escritor: “Machado de Assis, Estudo crítico e biográfico, 1936”, de Lúcia Miguel Pereira. Neste livro, o ápice da sua emoção está no reencontro tão ansiado com a sua amada Carolina.
A médium Ismênia dos Santos
Quem foi a autora, Ismênia dos Santos? Não me refiro à cantora e radioatriz, nascida em 1910, que fez sucesso nas décadas de 1930 e 1940, considerada a portadora da voz mais linda do rádio. Não. Embora conste no livro de Lúcia Miguel Pereira que Machado de Assis conhecia a atriz Ismênia dos Santos, esta foi apenas uma coincidência de nomes.
A Ismênia dos Santos, autora de “Memórias Póstumas de Machado de Assis” é outra. Esta nasceu em Itaúna – Minas Gerais – em 1908, que, por coincidência (ou não) é o mesmo ano do desencarne de Machado de Assis. Pouco se sabe dela. Foi professora e bastante dedicada à Doutrina Espírita. Sua mediunidade eclodiu após o casamento com o representante comercial Franklin dos Santos. Sua mediunidade manifestava-se na vidência, na clarividência e na psicografia, tendo psicografado várias obras. A vontade incontrolável de escrever a levava ao abrigo em seu quarto, onde produzia páginas de alto teor moral.
Então, indo a Pedro Leopoldo, conheceu Chico Xavier, com o qual passou a aconselhar-se, até 1958, quando ele se mudou para Uberaba.
Por fim, em janeiro de 1987, viúva, doente e sem filhos, retornou à Pátria Espiritual, aos 79 anos.
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