Introdução
Escrever pode ser uma paixão, uma arte e até uma necessidade, mas também é um processo repleto de desafios psicológicos. Isso mesmo. Você já pensou no lado psicológico do escritor durante o processo criativo ou na fase de publicação? Ansiedade, dúvidas sobre a própria capacidade, frustrações, preocupações financeiras e o estresse das redes sociais são apenas algumas das dificuldades que acompanham a profissão de escritor. Por isso, neste artigo, exploraremos os principais obstáculos psicológicos enfrentados por quem escolhe viver da escrita. Mas, a boa notícia, é que a maioria dos problemas são contornáveis e o escritor pode atingir grandes momentos de realização pessoal.
As Ansiedades do Escritor
O Medo da Página em Branco
A falta de inspiração é um problema. A temida “página em branco” pode paralisar até os escritores mais experientes. O receio de não conseguir produzir algo à altura das expectativas próprias ou alheias muitas vezes impede o fluxo criativo. Principalmente, se o escritor tem prazos a cumprir.
Porém, existem várias formas de quebrar esse bloqueio. Mudar de ambiente pode ajudar. Fazer pausas, assistir a um filme, buscar inspiração em outros entretenimentos ou realizar um brainstorming. Dessa forma, pode-se superar o bloqueio e estimular o processo criativo.
O Receio da Crítica
Publicar um texto é expor-se ao julgamento alheio, é abrir-se para o mundo. Assim, o medo de ser criticado pode travar escritores, que acabam evitando mostrar seu trabalho ou sofrendo com a ansiedade após a publicação. Se pensar, então, no julgamento tão comum hoje nas redes sociais, o autor paralisa.
O bom é ter o seguinte pensamento: as críticas são para o texto e não pessoais, destinadas a ferir o autor. A interpretação e o gosto são muito pessoais e cada um terá uma opinião diferente, é natural. Então, fazer um recorte com todas as críticas boas e as expor nas redes sociais ajuda a melhorar a autoestima. Quanto às críticas pertinentes, estas servem para o escritor melhorar a sua escrita. E se existirem críticas infundadas ou maldosas, a melhor coisa é ignorar.
A Pressão por Reconhecimento
No cenário atual, onde a produção literária é vasta, muitos escritores sentem-se pressionados a se destacar. “Mestres e gurus” prometem a todo instante transformar desconhecidos em best-sellers, com vendas de cursos, mentorias ou divulgações. É tanta pressão que se comparar constante com outros autores pode gerar sentimentos depressivos.
É algo terrível, e quem é escritor, assim como eu, sente muito isso na pele.
Pense que sucesso nem sempre se mede em vendas. Sucesso pra mim é ver que consigo tornar a minha escrita cada vez melhor, produzindo mais e com maior segurança.
Ou seja, quando a maior satisfação do escritor é criar e escrever, as pessoas lerem, gostarem ou comprarem o livro são apenas consequências, partes naturais do processo.
A Síndrome do Impostor
A Dúvida Sobre a Própria Capacidade
A síndrome do impostor faz com que o escritor acredite que não é talentoso o suficiente, que seu sucesso é um acaso ou que, a qualquer momento, será “desmascarado” como uma fraude.
Em qualquer profissão, o indivíduo deve dar o seu melhor. E se você faz isso, não é uma fraude. É preciso acreditar no seu potencial e perseverar em seus objetivos.
O percurso tornar-se menos penoso quando estabelecemos pequenas metas e comemoramos cada pequena vitória. Isso estimula e impulsiona para o próximo degrau.
O Ciclo de Autossabotagem
Muitos escritores evitam concluir projetos ou não submetem manuscritos a editoras. Da mesma forma, menosprezam seus próprios feitos, perpetuando um ciclo de autossabotagem.
Para evitar a autossabotagem, o ideal é definir um cronograma com metas alcançáveis. Por exemplo: definir a escrita de um capítulo por semana, determinar datas para novas revisões e se programar para enviar a profissionais de leitura crítica e de revisão. Afinal, os textos que passam por profissionais têm mais chances de serem aceitos pelas editoras.
Outras sugestões para superar a Síndrome do Impostor
- Reconhecer suas falhas, dificuldades, fraquezas ou fobias e falar sobre elas;
- Aceitar elogios e feedback positivo como opiniões sinceras;
- Manter um registro das conquistas, por menores que sejam, e não paralisar; e
- Evitar comparações excessivas com outros escritores. Cada um é único e possui suas próprias características, devendo começar por caminhos que achar mais confortáveis. Ser natural e autêntico é sempre a melhor opção.
As Decepções na Carreira Literária
Expectativas Versus Realidade
Muitos escritores entram na literatura com sonhos de sucesso imediato. A realidade, no entanto, pode ser dura e exigir anos de esforço antes de qualquer reconhecimento significativo. Se os resultados não vêm, mude as estratégias. O importante é não desistir.
Rejeição de Editoras e Leitores
O “não” é parte da vida de qualquer escritor. Receber uma rejeição é difícil, mas não significa que a obra seja ruim, apenas que ainda não encontrou o público certo. Ou, então, ainda precisa de mais lapidação.
Por fim, se acreditar no potencial do seu livro e não conseguir uma publicação tradicional por editora, existe a opção de fazer um financiamento coletivo para bancar a autopublicação.
Se serve de consolo, “O Misterioso Caso de Styles“, primeiro livro de Agatha Christie, foi rejeitado por várias editoras. Mas, para nossa sorte, ela não desistiu.
O Desafio da Baixa Visibilidade
Com a democratização da publicação, há uma infinidade de livros sendo lançados diariamente. Destacar-se exige paciência, criatividade e estratégias bem planejadas.
O Stress da Obrigatoriedade das Redes Sociais
A Pressão Para se Manter Relevante
Hoje, espera-se que escritores não apenas escrevam, mas também sejam ativos nas redes sociais, produzindo conteúdo ou divulgando seus textos. Essa obrigação pode ser desgastante e consumir tempo precioso.
A busca por curtidas, compartilhamentos e seguidores pode gerar ansiedade e frustração, desviando o foco daquilo que realmente importa: a escrita.
Por isso, encontrar um equilíbrio entre escrita e divulgação pode ser a solução:
- Definir um tempo específico para redes sociais
- Automatizar publicações
- Focar na qualidade do conteúdo, não apenas na quantidade
O Escritor Não é o Seu Personagem
A Separação Entre Autor e Obra
Muitos leitores confundem o autor com seus personagens, o que pode ser problemático quando as histórias abordam temas polêmicos.
Afinal, é comum que escritores sejam criticados por opiniões expressas por seus personagens. Separar-se da obra e não levar tais críticas para o lado pessoal é essencial.
Dicas para evitar o esgotamento
- Criar uma rotina equilibrada e saudável
- Praticar o autocuidado
- Buscar apoio de outros escritores ou parcerias
- Aceitar que errar faz parte do processo
Conclusão
Ser escritor é uma jornada repleta de desafios psicológicos, mas também de grande satisfação. Lidar com as ansiedades, a síndrome do impostor e a pressão externa exige estratégias e autoconhecimento. Mas, no final, o que realmente importa é a paixão pela escrita e a persistência para continuar criando boas histórias.
Para finalizar, convido você a ler o meu primeiro romance “Correntes de Papel“, a história de um amor impossível numa sociedade escravocrata, ambientada no nordeste brasileiro da década de 1870.