UMA SABOROSA “SOPA DE PEDRA”

O LIVRO

“Sopa de Pedra”, de Laércio Meirelles, 212 páginas, foi lançado em 2021 pelo Grupo Editorial Hope.

Trata-se de uma coletânea de contos ou de um romance? Ora, isso realmente é o que menos importa. Afinal, pode ser interpretado como um livro de contos que se sucedem e se interligam, formando uma história, divinamente bem contada, em torno de um forasteiro e da praça onde ele faz parada.

Quantas vidas, quantos anos são vivenciados em apenas um dia, em apenas um lugar! A literatura faz dessas coisas. E Laércio Meirelles, em “Sopa de Pedra”, faz essa magia divinamente.

OS PERSONAGENS

A trama começa com Dimas, com quase 60 anos, que está na metade de uma viagem de autoconhecimento. Então, parando na praça de uma cidade pequena e pacata, ele observa uma varredora de rua. Esses três personagens: o viajante, a praça e a varredora, sempre em cena, são os fios de ligação entre os demais habitantes da cidade.

Cada personagem é dono de um capítulo. É assim que o autor dá o espaço necessário a cada um para que se apresente e conte passagens relevantes das suas vidas.

Dessa forma, os capítulos, ou contos, como queiram chamar, se entrelaçam e passam o bastão para o seguinte. Assim, os personagens se conectam e tornam-se protagonistas em algum momento da história. Muito justo e democrático.

MINHAS IMPRESSÕES

Segundo o autor, “o espírito da praça andou saudoso e contaminou os moradores dos arredores com esse sentimento”. E, por tabela, deve contaminar também os leitores. Pelo menos, as minhas lembranças se entusiasmaram e voltaram a me cutucar. Devem ser os meus fantasmas querendo virar personagens do livro. Há-há.

Pois, em minha opinião, a história traz relatos intimistas tão bem construídos que, por vezes, faz lembrar a escrita de Clarice Lispector:

Frases como: “Hoje estou menos para futuro, mais para passado”, bem poderiam ter saído da boca da grande escritora.

Com o uso de vocabulário rico e preciso, é nítido que o autor é leitor voraz, principalmente de poesias.

Sabedor em aplicar os seus conhecimentos dos elementos da natureza, a vivência o fez escritor. E dos bons, afirmo sem reservas.

No meu ponto de vista, Laércio atingiu a maestria do seu estilo: uma prosa poética cativante, que desfila com originalidade e desenvoltura. Logo, ele captura a atenção do leitor, valendo-se da disposição harmônica e certeira das palavras. E então, a sua bela trama vai se revelando de um jeito tão gostoso, que, ao chegar à derradeira página, a história já passa a ter mais uma nova morada.

O AUTOR

Laércio Meirelles nasceu em 1965, em Niterói, RJ, e reside no Rio Grande do Sul há mais de 30 anos.

É engenheiro-agrônomo por profissão, pai de uma filha e três filhos, casado e botafoguense.

Tem dois livros publicados, Vozes da Agricultura Ecológica I e II. Em coautoria publicou pela Editora Hope, Perspectivas, em 2020.

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Mas se quer ler o livro SOPA DE PEDRA, clique aqui.