Como contar um conto
O livro da vez é “Como contar um conto”, de Gabriel García Márquez, pela Casa Jorge Editorial Ltda., RJ, 3ª edição, 1997.
Para enriquecer a resenha de hoje, entre cada parágrafo incluo uma citação do livro.
“GARCÍA MÁRQUEZ – Eu acho que uma história não existe enquanto não puder ser contada em uma página.”
O livro não traz especificamente o que o título sugere: como contar um conto. Ao menos não de forma direta. Ele é o relato de várias discussões realizadas entre o mestre Márquez e seus alunos, durante sua oficina de roteiro, ministrada na Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de Los Baños, em Cuba. No livro, temos os seus insights sobre a arte de contar histórias, revelando a sua perspectiva única e genial. Mas não apenas as ideias do autor, e sim o ponto de vista e opiniões dos seus alunos também. Todas as intervenções sugeridas em cada proposta apresentada pelos alunos são com o objetivo dar coerência, originalidade e atrativos aos textos.
“Precisamos responder perguntas sem narrador, sem interlocutores e quase sem palavras.”
Como o objetivo da oficina é o desenvolvimento de roteiros de trinta minutos, conseguimos tirar ensinamentos valiosos para a escrita curta e objetiva. Afinal, textos coesos e impactantes são fundamentais para a construção e desenvolvimento de uma boa narrativa.
“A gente conhece um bom escritor não tanto pelo que ele publica, mas pelo que ele joga no lixo. Os outros não ficam sabendo, mas o escritor sim: ele sabe o que joga fora, o que vai deixando de lado e o que vai aproveitando.”
O autor enfatiza que há uma diferença entre uma história longa e uma história que se arrasta e que a concisão e a clareza são essenciais para manter o interesse do leitor. O vencedor do Prêmio Nobel de Literatura também defende que um escritor deve escrever sobre o que lhe agrada e no que acredita. Afinal, a autenticidade e a paixão são fundamentais para a criação de uma narrativa envolvente.
“No fim, só uma pessoa escreve a história: ou a mesma pessoa que a pensou, ou outra pessoa da oficina. Porque é claro que as linhas gerais da história podem ser elaboradas coletivamente, mas na hora de escrever o roteiro, a tarefa tem de ser de um só.”
Porém, o elemento mais importante que o livro me ensinou é que o autor precisa ter a humildade de ouvir. Afinal, várias mentes pensam melhor do que uma e um texto sempre pode ser melhorado com a opinião do outro, que fornece pontos de vista diferentes, encontra falhas e oferece novas ideias — coisas que o autor não imagina ou não percebe sozinho.
“Não convém, quase nunca, dar o nome antes, porque os bons títulos quem dá é a própria história. Na medida em que a história se desenvolve, cresce a possibilidade de encontrar títulos melhores.”
Quer mais motivos para ler “Como contar um conto”?
Além de revelar como se molda uma boa história, certamente o livro vai fazer a cabeça dos escritores borbulharem de ideias, expandindo-lhes a visão na hora da construção de um bom enredo.
Recomendo demais!
1 Amazon – Gabriel García Márquez conta como contar um conto