Lendas e Folclore Brasileiro

A missa dos mortos

  • Gênero: Domínio Público | Público Juvenil

Lenda Urbana

Os anos voam, mas o povo de Ouro Preto não esquece de João Leite e da missa dos mortos.

João Leite era o zelador e sacristão da pequena igreja de Nossa Senhora das Mercês, na cidade mineira. Pardo, miúdo e de boas conversas, dedicava sua vida pacata aos cuidados do templo sagrado.

Ao lado da igrejinha, havia um cemitério. Mas, para João Leite, não fazia medo. Sua cama na sacristia ficava colada à parede que dava para o jardim dos eternos. Afinal, os mortos não faziam barulho. Pelo contrário: suas noites eram de sono pesado, embaladas pelo silêncio dos que partiram para o além.

A lenda conta que, certa madrugada, João Leite, deitado na sua cama, de súbito, ouviu ruídos e suspiros que pareciam vir de dentro da Igreja. A noite estava fria e, ao descobrir a cabeça, viu uma claridade e logo percebeu que havia algo de errado, afinal quem estaria na igreja, numa hora daquelas?

Ladrões?

Mas na igreja das Mercês não havia pratas ou outras coisas de valor que inspirasse alguém a querer roubar. Assim mesmo, levantou e, quando botou os pés no pequeno corredor que dava para o altar, ouviu vozes em orações.

Chegando à nave da a igreja, viu-a toda iluminada, pois o templo estava cheio de fiéis. De costas, o padre se preparava para celebrar uma missa. Curiosamente, todos os fiéis usavam uma roupa preta de capuz e permaneciam com as cabeças baixas.

Na época, era costume os padres realizarem a missa toda em latim, entretanto quando o padre se virou para dizer “Dominus Vobiscum”, só então João percebeu que o padre era, na verdade, uma caveira.

Na mesma hora, os fiéis ergueram as cabeças e baixaram seus capuzes. Pois, não é que eram todos esqueletos!

Ao se deparar com aquele cenário de terror, João começou a dar passos para trás, recuando de vagar, até topar na porta que dava para o cemitério, toda escancarada. Sem pensar, nem virou a cabeça para olhar os túmulos vazios. Voltou correndo para a sua cama, cobriu a cabeça com o cobertor e ficou quietinho escutando o sussurro das almas orando, até o amanhecer.

Quando o sol nasceu, trouxe consigo o silêncio de volta. Mas depois daquela noite, a missa dos mortos nunca mais saiu nem da boca e nem dos pensamentos de João Leite. Até o dia da sua morte.

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Observação do Autor

Uma lenda urbana de arrepiar.

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