Nunca esqueço do que aconteceu um dia, ao chegar da escola, quando eu tinha onze anos. Aí foi outra história.
— João, esse lápis não é seu. — Ela sentenciou, ao pegar minhas coisas espalhadas na mesa, enquanto eu fazia a tarefa de casa.
A perspicácia da minha mãe poderia facilmente qualificá-la a trabalhar como fiscal em qualquer loja de departamentos. Mas, ela preferia aprimorar as suas habilidades praticando em casa mesmo.
— Amanhã você vai devolver!
— Mas, mãe… Eu encontrei na rua, do lado de fora da escola. Pode ter sido de alguém que subiu no ônibus e o lápis, que devia estar no bolso de fora da mochila, enganchou na porta, parece que estou vendo, caiu e saiu rolando perto dos meus pés, e nem quebrou a ponta, olha, veja que ainda dá pra usar bastante e é um lápis bom e colorido, que eu não podia deixar de pegar, que ele escreve macio e é perfeito pra desenhar, então, não tinha como eu saber de quem era, porque se eu tivesse visto quem derrubou de dentro do ônibus, é claro que eu ia devolver na hora, mesmo que eu corresse o risco de ser atropelado e até morrer, porque o que é certo é certo e o que é dos outros não é meu, e o que não tem mais dono é de quem acha…
Não custa repetir que a minha mãe foi a maior incentivadora no desenvolvimento da minha imaginação para as minhas criações literárias, ampliando ainda mais o amor que tenho por ela.
Mas, voltando ao assunto, no dia seguinte eu devolvi o lápis da professora.
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