A Ruína Branca

Ah! Como são tolos os humanos!

Que pensam que os deuses são muito ricos,

Com joias de ouro,

E prata,

E roupas suntuosas,

Como são tolos os humanos!

Que pensam que os deuses vivem em grandes palácios de marfim,

No topo da montanha sagrada!

Pois os deuses não precisam de tais coisas,

Eles têm roupas brancas de algodão, curtas,

Sandálias,

E fibras trançadas,

E eles não precisam de mais,

Na montanha sagrada,

Que não é a maior montanha,

Há a nascente de um rio,

E também há o templo dos deuses,

Que mais parece um castelo em ruínas,

Velho, aberto, todo branco e quebrado,

Com colunas, pátios e portais simples,

Sem enfeites nem decorações,

No templo dos deuses, no topo da montanha,

Não há incensos nem altares, de cheiros repugnantes,

Nem oferendas ou estátuas de preço exorbitante,

E sim mesas e cadeiras,

De pedra e de madeira,

E muita boa cerveja,

Em barris de cerejeira,

Pois no templo dos deuses, no topo da montanha,

Ao contrário dos templos dos humanos,

A carne não é desperdiçada,

E nem as palavras,

Nem a montanha se chama “sagrada”,

E os cães, felizes, comem as sobras de carne no jantar,

Lá os deuses fazem festas,

E há vinho, ale, hidromel, ambrosia e néctar,

E, na montanha, o rio flui,

Se algum humano desvia-se de seus infinitos afazeres,

E por acaso passa pelo topo da montanha dos deuses,

Enxerga o templo e logo pensa:

“É apenas uma ruína abandonada,

Ninguém mora ali, não serve para nada”,

Nem mesmo se aproxima,

Por isso não há necessidade,

Dos deuses deixarem alguém para vigiar,

Para ficarem em paz,

E os humanos,

Nem mesmo se quisessem conhecer,

Entrariam no templo,

Os humanos se cercam de aduladores,

Apenas para depois serem mortos por estes,

Os deuses vivem com seus cães de todas as cores

Que são muitos e alegres,

E ficam agitados quando os deuses os chamam,

Para a caçada na floresta,

E no dia ensolarado,

Se deitam na grama ao entardecer,

Esta é a natureza humana:

Mal julgar todas e cada pequena coisa,

Não importa onde e quando,

E assim, de cegueira em cegueira,

Os humanos cavam um buraco,

Do qual não podem sair,

E a natureza dos deuses é tal,

Que eles não entendem os humanos

A natureza dos deuses está além do tempo,

E a névoa vem da montanha

Na aurora brilhando,

Ela sorri enquanto ele a vê,

Em frente a uma coluna solitária e quebrada de pedra,

A vista fascinante,

E o seu cabelo esvoaçante,

E o humano que se perdeu, após retornar da montanha dos deuses,

Se junta aos outros, seus companheiros,

Para se curvar ao bode de ouro,

Enquanto os deuses bebem ale,

E olham para os campos verdes,

No horizonte longínquo, sob o Sol,

E, na montanha, o rio flui,

Sempre e para sempre.

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